sábado, 20 de dezembro de 2014

Meus 25 discos preferidos de 2014

Em 2014 eu descobri duas lojas de discos incríveis, a Rough Trade de Brick Lane, em Londres, onde vivi uma pequena fábula particular, e a Warterloo, em Austin, onde vi a diferença que faz um vendedor de discos tipo o Rob Fleming, dono da loja do "Alta Fidelidade".

Em Londres, estava fuçando nos vinis e CDs quando me interessei pela música que tava rolando na loja. Eu tinha ''estacionado'' o Lucas num dos mesões na frente da loja, com wifi grátis e um celular, então tinha tempo de sobra. Chequei com o soundhound e vi que era uma banda cujo CD estava exposto: Honeyblood. Rolaram mais 3 na sequência e coloquei o CD das meninas na cestinha.

Na hora de passar pelo caixa, o vendedor careca com barba hipster diz:
_Essas meninas vão tocar aqui na loja amanhã, quer vir?

Fui com a Daniela Paiva. Curtimos, tomamos cerveja artesanal, papeamos e ela ainda fez matéria. Foi meu primeiro pocket-em-loja-de-disco-de-uma-banda-descoberta-por-acaso, uma situação tão comum em blogs de música, livros, filmes. Esse disco tá na minha lista de melhores de 2014.



Em Austin, eu procurava o vinil do Autre Ne Veut, sem sucesso. A loja é HUGE, enorme. Como lá eu tava sozinha, nem precisei dopar ninguém para passar horas a fio entre as estantes. Nada do disco com a capa-referência ao Munch. Perguntei no caixa. Ele não entendeu meu francês.


Mostrei o disco no meu iTunes do celular. Ele saiu de trás do caixa, rumou resoluto para uma das estantes, abriu um armário embaixo das prateleiras com discos expostos, calculou sei lá como e PUXOU O DISCO exatamente que eu queria, sem ver lombada, sem nada. Esse disco só não está nessa lista porque é de 2013, e eu demorei um ano para descobrir uma das obras-primas da minha vida. Obrigada por isso, Pitchfork.


Sites, lojas de discos, dicas dos amigos, coletâneas de blogs. Nunca todo esse material foi tão bem-vindo na minha vida como no 2014 do sabático. Consumi tudo, devorei, comprei vinil, comprei CD, baixei.

E me apaixonei pelo Spotify, no registro oposto ao da epifania analógica nas lojas de disco. Ali não tem capinha, não tem encarte, não tem peso, mas tem TUDO. E com super qualidade. E é playlist friendly, e eu sou uma playlist addicted. Eu finalmente aceitei o stream com o Spotify. Acho que daqui a algumas semanas não vou lembrar como era minha vida sem ele.

Se o ano teve muita coisa boa, também, teve suas decepções: como são chatos os discos novos do Morrissey e do Manic Street Preachers (Igor, se estiver lendo isso, não brigue comigo). Comprei os dois e estou pensando seriamente em colocar em liquidação na feirinha do Bixiga. Alguém quer?

Também não me pegaram os novos do Weezer, do Pixies e do Damon Albarn. Achei mais do mesmo sem brilho os do Foster the People e do Black Keys, que vinham de álbuns geniais. E não entendi o hype com o tal Mac DeMarco e não tive saco para os discos super incensados do Swans e FKA Twigs (pelas duas capas mais feias do ano) e o rap raivoso e chato do Run the Jewels.

A minha lista dos melhores de 2014 tem de tudo um pouco. Rock de verdade (Cloud Nothings e Parquet Courts super guitarrudos), eletrônico (Caribou maravilhoso), fusões cheias de textura (o que é esse disco do The War on Drugs? E como classificar o som do How to Dress Well?), folkzinho do bem (Beck de volta à forma, e o lindo Sun Kil Moon), mulherada quebrando tudo (Dum Dum Girls, Honeyblood já citado e a linda e fashion da St. Vincent) e os jovens promissores chegando muito bem à maturidade (Conor Oberst, Ryan Adams, Paolo Nutini --e o Brendan Benson só não entrou na lista porque o disco incrível dele é de dezembro de 2013). Tem até uma dose de psicodelia setentista, com os doidos do Foxygen.

E tem o Real Estate, um disco daqueles perfeitos do início ao fim, com sua guitarrinha melódica, suas letras melancólicas e saudosistas. Vi os caras duas vezes ao vivo neste ano, comprei primeiro o disco no iTunes e depois a bolacha, cumpri todas as etapas da paixão sonora com esse discaço.

Aqui vão os preferidos da casa em 2014. Recomendo fortemente que quem ler este post inclua esses discos na sua coleção, virtual ou física. Que tal parar de repetir que não conhece nada e... se por a conhecer? Música é um organismo vivo, tem sempre música nova sendo feita. Você não está obrigado a ouvir os mesmos versos até morrer.


1. Real Estate – Atlas



2. TV On The Radio – Seeds


3. The War On Drugs – Lost In The Dream



4. Conor Oberst – Upside Down Mountain


5. Future Islands – Singles


6. Spoon – They Want My Soul


7. How To Dress Well – "What Is This Heart?" (Deluxe Edition)


8. Paolo Nutini – Caustic Love



9. Cloud Nothings – Here and Nowhere Else




10. Parquet Courts – Sunbathing Animal



11. The New Pornographers – Brill Bruisers



12. The Pains Of Being Pure At Heart – Days Of Abandon (Deluxe Edition)



13. Banks – Goddess


14. Ryan Adams – Ryan Adams


15. St. Vincent – St. Vincent


16. Dum Dum Girls – Too True


17. Ariel Pink – pom pom





18. Honeyblood – Honeyblood

19. Caribou – Our Love


20. Sun Kil Moon – Benji




21. Foxygen – …And Star Power



22. Beck – Morning Phase

23. Bombay Bicycle Club – So Long, See You Tomorrow



24. Jack White – Lazaretto



25. Slow Club – Complete Surrender



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