terça-feira, 25 de novembro de 2014
Like a rolling stone
"Keep me searching for a heart of gold
And I'm getting old''
Neil Young
A música está entalhada na minha alma, como rocha. Daquelas duras, ancestrais.
Há as magmáticas, como a gente aprende na escola. Nessa camada vulcânica está toda a matéria orgânica que fez de mim o que eu sou, o meu húmus, a lava que mantém aquecido o meu coração.
É nessa parte profunda, arqueozóica, que vivem Beatles, Elis, João Gilberto, Smiths, Legião, Stones, Neil Young.
Poucos, mas vitais. Alguns extintos, outros desafiando a Evolução, ainda vivos pela Terra, procriando, todos em plena ebulição dentro de mim.
São a cláusula pétrea da minha existência, aquela herança inegociável e inalienável, o código genético que pretendo legar aos meus filhos, na forma de um testamento afetivo: esta é a mãe de vocês.
É deste DNA que ela é feita. Estas foram as células que constituíram a pessoa que ela se tornou.
Esse legado não tem uma composição pura, não é diamante, está mais para um quartzo: misturado, bagunçado, multifacetado. Resistente à ação do vento, à água, às intempéries todas, às eras geológicas.
Logo abaixo do magma, vem a ainda rica mistura musical da minha camada sedimentar. A composição dos sedimentos nos fornece pistas sobre a rocha original.
Na minha formação rochosa particular, Beatles e Smiths me levaram a R.E.M., Belle & Sebastian e Arcade Fire, com camadas de sedimento de todo o rock entre eles. Neil me levou a Van Morrison. A sensualidade black dos Stones fez com que eu me apaixonasse por Ben Harper.
Na parte mais externa está a camada metamórfica: todas as bandas/artistas preferidas das últimas décadas/anos/meses de todos os tempos, que fizeram meu coração pulsar e meu sangue ferver. Estão lá, entalhadas na rocha-matriz.
Meus amigos sabem identificar minhas pepitas mais suscetíveis à ação do ambiente (Death Cab, Fleet Foxes, Echo, New Order, Strokes, Oasis, Blur, tanta coisa!).
Quando eu morrer, essa música toda continuará no mundo, como uma pepita, e vai fazer com que os me amaram se lembrem de mim.
Não há erosão que leve a música, de longe o mineral mais duro.
Abaixo, a lista da minha geologia musical:
Heart of Gold - meu DNA musical
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